A assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade terminou no sábado, 26 de outubro de 2024, em Roma. O documento final, composto por 54 páginas e 155 parágrafos, foi aprovado por voto secreto por 355 membros. O Papa Francisco anunciou que está adotando todo o documento e, tomando uma decisão peculiar, não escreverá uma Exortação Apostólica subsequente.
(InfoCatólica) A assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade foi concluída ontem, sábado, 26 de outubro de 2024. O documento final, composto por 54 páginas divididas em 155 seções, recebeu 1.135 emendas (950 coletivas e 185 individuais) e foi aprovado por voto secreto pelos 355 membros participantes.
Não haverá exortação pós-sinodal
O Papa Francisco anunciou que está adotando todo o documento e, em uma decisão sem precedentes, não emitirá uma Exortação Apostólica posterior, incorporando diretamente o texto ao Magistério da Igreja Católica. Francisco enfatizou que as "indicações muito concretas" do documento serão suficientes para guiar as Igrejas dos diferentes continentes.
O documento, elaborado após receber 1.135 emendas, apresenta uma visão da sinodalidade onde são priorizadas questões como a conversão espiritual e estrutural da Igreja, bem como a ampliação do papel dos leigos e das mulheres nos processos de tomada de decisão, embora não esteja claro como essa tarefa será realizada.
Estrutura do documento
O texto está organizado em cinco partes fundamentais:
1. O coração da sinodalidade
- Refletir sobre a Igreja como Povo de Deus
- Ele define a sinodalidade como um caminho de renovação espiritual
- Enfatiza a necessidade de uma Igreja mais participativa e missionária
2. "Juntos na Barca de Pedro"
- Aborda a conversão de relacionamentos na comunidade cristã
- Examina a interconexão entre vocações, carismas e ministérios
- Destaca a necessidade de inclusão e cuidado com os marginalizados
3. "Na tua palavra"
- Concentra-se no discernimento eclesial
- Definir processos de tomada de decisão
- Estabelece critérios de transparência e prestação de contas
4. "Uma pesca abundante"
- Discute novas formas de troca de presentes
- Considerar mudanças nas raízes territoriais da Igreja
- Aborda a mobilidade humana e a cultura digital
5. "Eu também os envio"
- Enfatiza a formação na sinodalidade missionária
- Propõe treinamento abrangente e contínuo
- Destaca-se a corresponsabilidade diferenciada
Principais propostas e alterações
Estruturas eclesiais:
- Estabelecimento de conselhos pastorais paroquiais e diocesanos
- Realização regular de assembleias da igreja em todos os níveis
- Abertura à consulta com outras Igrejas cristãs
- Revisão das normas canônicas em "chave sinodal"
Papel das mulheres:
- Estudo contínuo do ministério diaconal feminino
- Expansão das funções de liderança
- Maior envolvimento na formação do clero
- Aumento da tomada de decisões eclesiais
Participação leiga:
- Maior presença nas assembleias sinodais
- Participação no discernimento eclesial
- Inclusão nos processos de tomada de decisão
- Aumento das responsabilidades nas dioceses
Transparência e Responsabilidade:
- Novos requisitos de transparência financeira
- Medidas aprimoradas de prevenção de abuso
- Mecanismos de relatórios regulares
- Processos de avaliação de liderança
Treinamento e Educação:
- Revisão abrangente do treinamento do seminário
- Integração de princípios pastorais
- Formação permanente para todos os membros da Igreja
- Ênfase na educação para a sinodalidade
Implementação e próximos passos
O Papa Francisco estabeleceu dez grupos de trabalho que estudarão tópicos específicos para implementação. Embora o Sínodo tenha sido formalmente concluído, ele está iniciando uma fase crucial de implementação prática para tornar a sinodalidade uma "dimensão constitutiva da Igreja".
O documento será amplamente compartilhado com as Igrejas locais para sua leitura e implementação conjunta, buscando um "caminho compartilhado sem julgamentos ou condenações". Ressalta-se que o processo sinodal não termina com a assembleia, mas continua na fase de implementação, envolvendo todos no "caminho diário com uma metodologia sinodal".
Contexto e significado
O documento reconhece os desafios atuais da Igreja e da sociedade, mencionando especificamente:
- As guerras em curso e a necessidade de paz
- O sofrimento dos refugiados e das vítimas da injustiça
- Os efeitos das mudanças climáticas
- A necessidade de unidade ecumênica
- Os desafios da cultura digital e da mobilidade humana
O Papa Francisco sublinhou que o Sínodo não termina com esta assembleia, mas abre uma etapa crucial de implementação nas Igrejas locais. O processo sinodal continuará agora através de dez grupos de trabalho que estudarão temas específicos e trabalharão no desenvolvimento de um "estilo sinodal" que, segundo o documento, busca tomar decisões com oração e serenidade, evitando atrasar os compromissos assumidos. (Fonte: INFOCATOLICA)