Intrepidez angélica de um imortal pontífice (1ª parte)

28/05/2024

"A sua palavra era trovão, era espada, era bálsamo […]. Com seu olhar de águia, mais perspicaz e mais seguro do que a visão estreita de pensadores míopes, via o mundo tal qual era, via a missão da Igreja no mundo, via com olhos de santo Pastor, o dever que lhe incumbia no seio de uma sociedade descristianizada, de uma cristandade contaminada, ou ao menos infiltrada dos erros do tempo e perversão do século" (Palavras do Papa Pio XII a respeito de São Pio X).

Por Paulo Roberto Campos

A Santa Igreja celebra neste ano três importantes efemérides relacionadas a um grande Papa, que foi também um grande defensor da Fé, um grande Santo. Falamos de São Pio X. 110 anos de seu falecimento, em 20 de agosto de 1914; 80 anos da exumação de seu corpo, encontrado incorrupto, em 19 de maio de 1944; 70 anos de sua canonização por Pio XII, em 29 de maio de 1954.

O governo pontifício de São Pio X (1903-1914) foi marcado pelo profundo combate que empreendeu com inteligência e destemor contra os erros que se infiltravam na Igreja, sobretudo os erros do modernismo, heresia dissimulada e perniciosíssima para a Cristandade e com muitos traços semelhantes ao progressismo impulsionado maximamente pelo Concílio Vaticano II (1962-1965), convocado por João XXIII e encerrado no Pontificado de Paulo VI.

Eis que em nossos dias o progressismo (dito católico) atinge o clímax na tentativa de "modernizar" e deturpar os dogmas, o Magistério perene e as tradições católicas — tradições majestosas que tanto aborrecem os progressistas "teólogos da libertação".

O Movimento Modernista pretendia uma reforma na Igreja sob o pretexto de uma suposta necessidade de renovações, de progresso e de seguir as leis da evolução nos costumes e até na Fé.

De uma bondade e afabilidade angelicais em relação aos filhos fiéis da Igreja, entretanto de uma firmeza e intrepidez igualmente angélicas, São Pio X primeiramente repreendeu e exortou os seguidores de tal movimento à conversão, acolheu os convertidos e depois — não obtendo o arrependimento — os condenou com vigor como um Anjo empunhando a espada de fogo da ortodoxia.

No Decreto Lamentabili sane exitu, de 3 de julho de 1907, São Pio X condenou formalmente 65 proposições modernistas relativas à natureza da Igreja, à revelação, aos sacramentos, à divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, a erros na exegese da Sagrada Escritura e na interpretação de dogmas.

Inimigos ocultos no próprio seio da Igreja

Como nem com o Decreto nem com as medidas mais suaves os modernistas não se emendaram, mas continuaram arrogantes na conduta e obstinados no erro, dois meses depois o Romano Pontífice se viu obrigado a tomar medidas mais severas. Aprofundou a problemática, escrevendo sua magistral Encíclica sobre os erros do modernismo, a Pascendi Dominici Gregis, de 8 de setembro de 19072, que marcou profundamente os ambientes católicos e intelectuais do século XX.

Considerado como sendo um dos maiores lances na História da Igreja, o documento, redigido com 'mão de ferro sob luvas de pelica', fulminou a artimanha, uma verdadeira conspiração interna concebida pelo Movimento Modernista que visava debilitar a Religião Católica apresentando-a não tanto como obra divina, mas humana, ou de meras concepções filosóficas.

A fim de contestar os erros do modernismo, afirma o santo autor:

"Exige que sem demora falemos, é antes de tudo que os fautores do erro já não devem ser procurados entre inimigos declarados; mas, o que é muito para sentir e recear, se ocultam no próprio seio da Igreja, tornando-se destarte tanto mais nocivos quanto menos percebidos.

"Aludimos, Veneráveis Irmãos, a muitos membros do laicato católico e também, coisa ainda mais para lastimar, a não poucos do clero que, fingindo amor à Igreja e sem nenhum sólido conhecimento de filosofia e teologia, mas, embebidos antes das teorias envenenadas dos inimigos da Igreja, blasonam, postergando todo o comedimento, de reformadores da mesma Igreja; e cerrando ousadamente fileiras se atiram sobre tudo o que há de mais santo na obra de Cristo, sem pouparem sequer a mesma pessoa do divino Redentor que, com audácia sacrílega, rebaixam à craveira de um puro e simples homem".

São Pio X estigmatizou tal heresia como sendo a "síntese de todas as heresias":

"Não se trata de doutrinas vagas e desconexas, mas de um corpo uno e compacto de doutrinas em que, admitida uma, todas as demais também o deverão ser. Por isso, também quisemos servir-nos de uma forma quase didática, e nem recusamos os vocábulos bárbaros, que os modernistas adotam. Se, pois, de uma só vista de olhos atentarmos para todo o sistema, a ninguém causará pasmo ouvir-Nos defini-lo, afirmando ser ele a síntese de todas as heresias".

Erros do Modernismo serpeavam nos meios católicos

Carta Pastoral do Cardeal
Arcebispo do Rio de Janeiro
comunicando ao clero e aos
fiéis da arquidiocese a
Encíclica de São Pio X
(1908)

Na citada encíclica resta evidenciado que aquele movimento articulava uma pérfida (e muito poderosa) conjuração anticatólica, organizada por pessoas muito labiosas que se apresentavam dissimuladas de católicas e davam aos "erros do Modernismo" uma aparência de verdade. Assim, iludiam mais facilmente muitos fiéis, redobrando o malefício às almas com a pregação de concepções contrárias à doutrina católica, teorias protestantizantes conformes à "reforma" revolucionária do heresiarca Matin Lutero.

"Já vimos essas ideias condenadas pelo Concílio Vaticano I [convocado pelo bem-aventurado Papa Pio IX em 1869]. Veremos ainda como, com semelhantes teorias, unidos a outros erros já mencionados, se abre caminho para o ateísmo".

Abrasado com o zelo que deve ter o Vigário de Cristo na Terra, o modernismo foi fulminado como sendo uma seita dos mais perigosos inimigos da Igreja, agindo dentro d'Ela. E por essas razões seus líderes foram desmascarados, alguns excomungados e interditadas suas publicações, jornais, livros etc.

Na época, eles galgavam postos-chaves junto à hierarquia eclesiástica, elevavam-se nos púlpitos e nas cátedras, agiam tanto nos confessionários quanto nas ruas, para introduzir na Igreja a mania das novidades, os erros do mundo moderno. Eram lobos vorazes disfarçados de dóceis ovelhas para enganar os fiéis (mas incautos) católicos, além de menosprezarem as belas e seculares tradições da Igreja, sugerindo-lhes "reformas" opostas às tradições da Cristandade e à doutrina de sempre ensinada no Evangelho.

Condenados aqueles que arrastam outros ao erro

O Pontífice afirmou que os modernistas infiltraram na Igreja para mais eficazmente destruí-la, relativizando e adulterando seu ensino perene e infalível:

"Não se afastará, portanto, da verdade quem os tiver como os mais perigosos inimigos da Igreja. Estes, em verdade, como dissemos, não já fora, mas dentro da Igreja, tramam seus perniciosos conselhos; e por isto, é por assim dizer nas próprias veias e entranhas d'Ela que se acha o perigo, tanto mais ruinoso quanto mais intimamente eles a conhecem. Além de que, não sobre as ramagens e os brotos, mas sobre as mesmas raízes que são a Fé e suas fibras mais vitais, é que meneiam eles o machado".

Assim deve proceder o Bom Pastor na defesa de suas ovelhas, usando seu cajado para expulsar os lobos do redil. Referindo-se aos modernistas, o Pastor dos Pastores, com palavras da Escritura, os increpa:

"Devido ao inimigo do gênero humano, nunca faltaram homens de perverso dizer (At 20,30), vaníloquos e sedutores (Tit 1,10), que caídos eles em erro arrastam os demais ao erro (2 Tim 3,13). Contudo, há mister confessar que nestes últimos tempos cresceu sobremaneira o número dos inimigos da Cruz de Cristo, os quais, com artifícios de todo ardilosos, se esforçam por baldar a virtude vivificante da Igreja e solapar pelos alicerces, se dado lhes fosse, o mesmo reino de Jesus Cristo. Por isto já não Nos é lícito calar para não parecer faltarmos ao Nosso santíssimo dever, e para que se Nos não acuse de descuido de nossa obrigação, a benignidade de que, na esperança de melhores disposições, até agora usamos.

"Cegos, na verdade, a conduzirem outros cegos, são esses homens que inchados de orgulhosa ciência, deliram a ponto de perverter o conceito de verdade e o genuíno conceito religioso, divulgando um novo sistema, com o qual, arrastados por desenfreada mania de novidades, não procuram a verdade onde certamente se acha; e, desprezando as santas e apostólicas tradições, apegam-se a doutrinas ocas, fúteis, incertas, reprovadas pela Igreja, com as quais homens estultíssimos julgam fortalecer e sustentar a verdade (Gregório XVI, Encíclica Singulari Nos 7 julho 1834)". (Fonte: Agência Boa Imprensa)

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