Religiosidade popular ou um novo bezerro de ouro?

17/04/2024

Desde o Concílio Vaticano II, a religiosidade popular tem sido promovida e até exaltada como expressão legítima da fé nos leigos. E é claro que não se pode, nem se deve, negar ou fazer uma alteração total de tal realidade e efeitos espirituais positivos para as almas; almas que, talvez por esse meio, tenham sido integradas à vida sacramental regularizada. Mas não podemos ser tão ingênuos ou cair na tremenda "bondade" que não percebemos o grande perigo de assumir, sem qualquer revisão, essa forma de expressar a fé. É urgente uma profunda revisão da mesma, a fim de a orientar para o seu fim prescritivo, que não é outro senão a conversão e a vida na graça para a salvação das almas.

Por Padre Ildefonso De Assis

Em Êxodo (cf. capítulo 32) lemos a cena do bezerro de ouro. Enquanto Moisés estava na montanha, os judeus ficaram impacientes enquanto aguardavam imediatamente seu retorno, e a fé começou seu eclipse. Quando a fé em Deus não é mais o centro, surge a tentação de forjar um ídolo, de criação humana, para substituir aquele Deus que "parece" não estar lá. Fazem um bezerro de ouro, andam-no, adoram-no, oferecem-lhe sacrifícios, enfim, substituem o verdadeiro Deus por uma figura animal. Pois bem, tenhamos a audácia e a coragem de perceber o que está acontecendo HOJE e enraizar na religiosidade popular com todas as suas irmandades, irmandades, procissões e romarias:

Não é ficção sem realidade: vamos qualquer dia a uma igreja onde se celebram os cultos da fraternidade. Por exemplo, um beijo das mãos de uma imagem de Nosso Senhor ou de Maria Santíssima. Observemos o enorme número de fiéis que ficam em longas filas para o rito de beijar a mão, ou curvar-se, diante dessas imagens; no mesmo templo haverá uma capela onde está reservado o Santíssimo Sacramento: ali temos a presença REAL, e não simbólica, do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo. Vamos comparar o grande número de fiéis na fila diante das imagens com a capela sacramental vazia. Essa comparação diz TUDO: a verdadeira Fé foi eclipsada para ser suplantada apenas pela devoção às sombras, e não à Luz.

Contemplemos uma procissão penitencial durante a Semana Santa. Centenas, milhares... dos fiéis vestem-se de nazarenos, penitentes... formando grandes procissões para fazer o sacrifício por algumas horas. Quando chega o Domingo de Páscoa, quantos vão à missa? Quantos observam o preceito dominical ao longo do ano? Quantos se confessaram? Quantos vivem em pecado mortal porque vivem juntos como um casal sem serem casados ou casados civilmente? Sendo sensato, poderíamos dizer que não chegaria a 5% na melhor das hipóteses. E olhemos para as pessoas que assistem a estas procissões como espectadores: muitos se emocionam, choram, atiram flores, cantam saetas... e parece que suas vidas dependem disso....e então o que acontece?; Ao longo do ano, essas mesmas imagens que estão em procissão não recebem uma única visita da grande maioria dos que as admiram nas ruas.

Não é uma renovação do bezerro de ouro?

Como deixar de reconhecer de uma vez por todas que a FÉ se perdeu na grande maioria do povo de Deus?

É muito simples entender a mensagem: quando vemos uma imagem de Jesus (escultura, ícone ou pintura) devemos saber que ela PARECE DEUS, mas NÃO É. Apenas o representa. E quando vemos uma forma consagrada elevada na Santa Missa e depois reservada no tabernáculo, devemos saber que, embora não pareça ser Deus, é Deus.

A tarefa de formar consciências a este respeito é imperativa, e essa missão deve ser dirigida a partir do topo da hierarquia. Quando um pároco se dedica a essa catequese, deve ser apoiado pelos seus superiores, para que a sua pregação seja muito mais garantida para ser aceite pelas pessoas comuns. E não é aceitável ouvir, como "placebo", que a bondade dessa religiosidade popular é ser uma barragem de contenção contra o secularismo agressivo. Essa afirmação é verdadeira, mas não pode e NÃO deve ser usada como uma "vacina" que engole qualquer tentativa pastoral de formar consciências. (Fonte: Adelante La Fe)

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Em 1893 foi publicado Meditações e Devoções, obra póstuma do Cardeal Newman, um complemento perfeito aos Sermões de seu período anglicano. É uma obra deliciosa (muito newmaniana, claro) com temas profundamente católicos, devoções neste caso, que o cardeal explica às pessoas simples – aos seus paroquianos do Oratório de Birmingham – enraizando-as na...