O relatório que o Papa Francisco não publicou: os bispos não pediram para restringir a missa tradicional

01/07/2025

A jornalista Diane Montagna revelou com exclusividade um relatório inédito da Congregação para a Doutrina da Fé que refuta o argumento central do motu proprio Traditionis Custodes. 

O documento mostra que a maioria dos bispos não apoiou a supressão do Summorum Pontificum e alertou sobre as consequências negativas para a unidade da Igreja. Exatamente o oposto do que Francisco disse.

(InfoCatólica) Uma publicação exclusiva da jornalista Diane Montagna revelou um documento oficial do Vaticano que questiona veementemente a base do motu proprio Traditionis Custodes, com o qual o Papa Francisco restringiu o uso da Missa Tradicional em Latim, também conhecida como Forma Extraordinária do Rito Romano, em 2021.

O documento, uma avaliação abrangente da consulta aos bispos realizada em 2020 pela Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), indica claramente que "a maioria dos bispos que responderam ao questionário afirmou que fazer mudanças legislativas no Summorum Pontificum causaria mais mal do que bem". Esta declaração contradiz diretamente o que o pontífice afirmou na carta que acompanhava o decreto, na qual afirmava ter agido a pedido da maioria do episcopado mundial. Francisco disse:

"Treze anos depois, instruí a Congregação para a Doutrina da Fé a enviar-lhe um questionário sobre a aplicação do Motu Proprio Summorum Pontificum. As respostas recebidas revelaram uma situação que me entristece e preocupa, confirmando a necessidade de intervir."

A avaliação, preparada pela Quarta Seção da CDF — anteriormente conhecida como Pontifícia Comissão Ecclesia Dei — não apenas observa a falta de consenso para suprimir o motu proprio de Bento XVI, mas também destaca os resultados positivos que ele produziu desde sua promulgação em 2007.

O relatório enfatiza que, onde o Summorum Pontificum foi aplicado com generosidade e colaboração entre bispos e padres, a pacificação litúrgica foi alcançada, reduzindo as tensões anteriores. Além disso, destaca que muitos jovens — especialmente convertidos ou católicos não convertidos — encontraram na Missa Tradicional uma forma de retornar à vida sacramental, atraídos por sua solenidade, silêncio reverente e profundidade doutrinal da liturgia.

Uma observação consistente refletida nas respostas episcopais é justamente a idade dos fiéis: a maioria dos grupos estáveis ​​é jovem e demonstra um forte compromisso eclesial. O relatório enfatiza a necessidade de cuidar pastoralmente desses fiéis e não marginalizá-los, como propôs Bento XVI ao falar de uma "reconciliação litúrgica" dentro da Igreja.

Também destaca o notável aumento de vocações sacerdotais em comunidades nascidas ou fortalecidas sob a proteção do Summorum Pontificum. No entanto, o relatório alerta que alguns bispos expressaram desconforto com o fato de os seminaristas optarem por ingressar em institutos vinculados à forma extraordinária em vez de seminários diocesanos. Como possível solução, propõe a inclusão do estudo de ambas as formas do rito romano nos planos de formação sacerdotal.

O relatório também inclui depoimentos diretos de bispos de diferentes regiões do mundo e conclui com uma firme recomendação: "Deixe o povo escolher". Esta frase, atribuída a um bispo filipino, resume o espírito do documento: um apelo à liberdade litúrgica dentro da unidade eclesial, sempre sob a autoridade do bispo, mas sem excluir aqueles que encontram alimento espiritual na liturgia tradicional.

A avaliação alerta para os riscos que a revogação do Summorum Pontificum acarretaria: desconfiança em relação a Roma, perturbação da paz litúrgica alcançada e, em alguns casos, o movimento dos fiéis em direção a grupos cismáticos. Tudo isso, segundo a CDF, deve ser evitado em prol da comunhão eclesial. (Fonte: INFOCATOLICA)

Durante décadas, o progressismo eclesial acusou aqueles que preferem a liturgia tradicional de agirem por ego e orgulho.