Que o Senhor, em sua infinita misericórdia, olhe para as orações, lágrimas e sacrifícios de todos os verdadeiros católicos que amam nossa Mãe Igreja
Virgens tolas

Na catedral de Magdeburg, na Alemanha, uma das primeiras catedrais góticas daquele país, há esculturas das cinco virgens sábias e das cinco virgens tolas fora da entrada norte do transepto. Essas esculturas datam de meados do século XIII e, com grande maestria para sua época, expressam as emoções e a linguagem corporal dos personagens que representam.
Por Guillermo Juan Morado
Obviamente, o motivo desse conjunto escultórico encontra-se no capítulo 25 do Evangelho segundo Mateus: a parábola das dez virgens. Dez horas aguardam ansiosamente a vinda do noivo. Os prudentes são aqueles que têm previsão e que preparam tudo o que é necessário para recebê-la. Os tolos são aqueles que carecem dessa cautela.
A parábola deu origem a múltiplas interpretações. São Gregório Magno escreve a este respeito: "Aqueles que creem corretamente e vivem com justiça são comparados às cinco virgens sábias. Mas aqueles que verdadeiramente confessam a fé de Jesus Cristo, mas não se preparam por boas obras para a salvação, são como as cinco virgens tolas. Por isso, acrescenta: "Cinco deles eram tolos, e cinco eram sábios". Não basta acreditar corretamente; Temos também de viver com justiça. A prudência, a vigilância, exige coerência entre fé e vida. Incoerência é, nesse sentido, tolice. E Santo Hilário observa que "o óleo [que alimenta as lâmpadas] é fruto de boas obras; as lâmpadas são corpos humanos, em cujas entranhas deve estar escondido o tesouro de uma boa consciência".
Todos nós podemos ser clarividentes ou tolos. Também aqueles que fazem parte da vida contemplativa na Igreja: os monges e freiras. O Concílio Vaticano II diz: "O principal ofício dos monges [monges e freiras] é oferecer à Majestade divina um serviço que seja ao mesmo tempo humilde e nobre dentro dos muros de seus mosteiros". E o mesmo concílio acrescenta que "os mosteiros são como canteiros de sementes para a edificação do povo cristão".
O melhor pode se transformar no pior. O ser humano carrega consigo esses riscos. Dom Dysmas de Lassus, prior da Grande Cartuxa, adverte em seu livro "Riscos e Deriva da Vida Religiosa" sobre o possível estabelecimento em um mosteiro de uma deriva sectária. Pode acontecer que, num mosteiro, se imponha uma dinâmica e emulação grupal na crença de que "temos vocações", "somos fiéis", "temos luz". Do lado de fora, tudo parece estar indo bem. Por dentro, é outra coisa. Duas ou três pessoas começam a controlar tudo e a busca pela uniformidade substitui o respeito à unidade na diversidade. A abertura à realidade é esquecida em favor de uma cultura da mentira, da dissimulação, da autojustificação. Um processo falho que pode chegar ao paroxismo se alguém se tornar o "líder" do grupo, tornando-se o centro de tudo. Pode ser alguém de dentro da comunidade ou de fora: essa pessoa se torna "a" referência da comunidade.
Dessa forma, perde-se o contato com o real, com o verdadeiro e, sem qualquer base racional, o "líder do ringue" acaba sendo defendido a todo custo. Dysmas de Lassus escreve: "Um sistema humano não é construído sobre mentiras, desconexão com a realidade e a verdade".
As virgens sábias estão atentas à verdade e às suas exigências. As virgens tolas perderam a conexão com o real. Estes últimos tornaram-se muito mais vulneráveis aos caprichos e desejos dos "líderes de ringue", que podem surgir de dentro e de fora do mosteiro. De qualquer forma, "líderes de ringue" que se arrastam para a frustração e o fracasso de sua própria existência. (Fonte: INFOCATOLICA)
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