Um elefante na sacristia
Há um elefante na sala. No eclesial, especificamente. É grande, anda devagar e ocupa quase tudo, mas ninguém parece ver.

Quem manda olha para o teto, quem obedece olha para o chão, e os fiéis se perguntam por que o incenso cheira cada vez mais estranho.
Por Carlos Balén
Alguns acreditam que o elefante ocupa 20% da sala. Outros, mais pessimistas, falam em 50%. Mas aqueles que realmente caminharam pela sacristia, aqueles que viram como ela se move, como respira e o que deixa em seu rastro, asseguram que já chega a 80%.
E o pior não é o tamanho. O pior é o silêncio.
Todo mundo vê, mas ninguém fala nada
O elefante está nos seminários, nos escritórios, nas conferências episcopais, no Vaticano, nos sínodos e em algumas homilias, embora naquelas esteja disfarçado de "inclusão", "ouvinte" e "diversidade".
Não pode nomeá-lo. Não há nenhum documento, nenhuma nota, nenhuma conferência sobre ele. É adorado sem mencionar. Aquele que aponta o dedo para ela é aquele que acaba do lado de fora, marcado como intolerante, rígido ou "carente de caridade".
Enquanto isso, o elefante continua crescendo. Come silêncio, alimenta-se de medo e engorda com incenso. Caminha entre os altares com a tranquilidade de quem sabe que ninguém vai incomodá-lo.
A pastoral da dissimulação
Em vez de enfrentá-la, a Igreja desenvolveu toda uma pastoral de dissimulação.
Não está claro por que o "pode escandalizar". Não corrigido porque "não é o momento". Você não age porque "Deus saberá".
Assim, aqueles que deveriam pastorear as almas dedicam-se a cuidar das aparências. E a palavra "bravura" desapareceu do vocabulário eclesial, substituída por "prudência", que na verdade significa medo com coleiras.
O mais triste é a normalidade com que o elefante tem sido aceito. Ele está lá, você pode vê-lo, você pode cheirá-lo, você pode ouvi-lo, mas ninguém reage. Alguns até o defendem: "sempre foi", dizem eles. Outros preferem não saber.
Mas a realidade é que o elefante tornou-se o verdadeiro padrão de comportamento, o critério não escrito de promoção, o filtro invisível para ascender.
E claro, quando o elefante decide quem sobe e quem se cala, não há reforma possível.
Até que alguém fala
Algum dia alguém vai nomeá-lo. E aí veremos quantos, que hoje aplaudem sua sombra, dirão que sempre a viram chegar.
Mas, enquanto isso, o animal continua lá, imenso, solene e perfeitamente integrado à decoração litúrgica.
O problema não é o elefante. O problema é que não sobra ninguém com coragem de dizer que está ali. (Fonte: INFOVATICANA)