Um conclave que não quer repetir erros: as congregações gerais sob a sombra da experiência

06/05/2025

As congregações gerais que precedem o conclave estão mostrando um tom sem precedentes, 

Por Jaime Gurpegui 

diferente daquele de doze anos atrás. Em 2013, os cardeais elegeram Jorge Mario Bergoglio após um discurso breve, direto e bem estruturado que chamou a atenção da sala de aula e se tornou o gatilho para sua eleição. A famosa anedota da "Igreja em saída" deu a volta ao mundo e, quase imediatamente, consolidou um apoio decisivo.

Mas com o passar do tempo, e depois de doze anos de pontificado, o Colégio dos Cardeais aprendeu uma lição amarga: uma intervenção brilhante não garante um governo equilibrado. Não se trata apenas de ideias atraentes ou diagnósticos precisos. O peso da Cátedra de Pedro é carregado por uma pessoa específica, com seu caráter, sua psicologia, seu modo de exercer a autoridade e de se relacionar com a Cúria, com os bispos, com os fiéis.

Sem entrar em julgamentos pessoais, é inegável que o pontificado de Francisco foi marcado por tensões, decisões imprevisíveis e uma gestão muitas vezes opaca e personalista. A Igreja viveu momentos de perplexidade, de ambiguidade doutrinal, de reformas que transbordaram os canais habituais. Vimos isso nas nomeações, nas intervenções públicas, nas prioridades estabelecidas a partir de Roma. Uma forma de governo que muitos perceberam como imprevisível, centralizadora e difícil de encaixar na tradição da Igreja.

É por isso que, hoje, nessas congregações gerais, os cardeais estão adotando uma atitude diferente. Eles não estão procurando o orador mais brilhante, o autor da frase que provoca aplausos ou manchetes. Eles procuram conhecer pessoas. Eles querem ter certeza de que não elegem alguém cuja psicologia é inadequada para o peso do ministério petrino. Eles não querem outro pontificado marcado pela instabilidade.

Os cardeais falam, perguntam, observam uns aos outros. Não basta mais falar bem: devemos mostrar sinais de equilíbrio, serenidade e capacidade de governar. É por isso que eles se olham muito nos olhos. A experiência recente os inoculou contra o entusiasmo fácil. A Igreja precisa de clareza, mas também de solidez interior e previsibilidade.

O Espírito Santo sopra onde quer, mas os homens devem fazer a sua parte. Este conclave, mais do que nunca, será também um exame das almas e dos temperamentos. Rezemos para que a escolha seja sábia, para o bem de toda a Igreja. (Fonte: INFOVATICANA)