Superior Geral da FSSPX sobre Mater Populi fidelis: “Um golpe na Tradição e um insulto à Santíssima Virgem”
A publicação do Mater Populi fidelis através do Dicastério para a Doutrina da Fé encontrou na Fraternidade Sacerdotal São Pio X uma de suas réplicas mais fortes.

Segundo ele, sua primeira reação foi oferecer uma Missa de reparação diante do que considera um novo ataque, não só contra o ensino tradicional da Igreja, mas contra a própria Santíssima Virgem Maria.
Por INFOVATICANA
Pagliarani lamenta que o documento não se limite a aconselhar contra títulos marianos tradicionalmente usados —, como Coredemptriz ou ou Mediador de todas as graças—, mas alteram seu significado até que sejam esvaziados de conteúdo. Essa desnaturalização, explica, equivale a destronar a Virgem do lugar único que ela ocupa na economia da salvação.
O ensino tradicional ignorado
O Superior Geral recorda a clareza com que São Pio X expôs essas doutrinas na encíclica Ad diem illum', onde o Papa descreve a cooperação única de Maria na obra redentora de Cristo e seu papel como mediadora. É impressionante —dice— que a nota do Dicastério mal menciona este texto, sem citá-lo, como se seu ensino fosse desconfortável ou incompatível com as categorias teológicas atuais.
Para Pagliarani, negar explicitamente esses títulos implica ignorar a evolução homogênea do dogma e a conclusão teológica comum mantida durante séculos pelos santos, doutores e pontífices.
O fundo ecumênico e a nova noção de Redenção
O Superior Geral identifica duas causas principais por trás dessa guinada doutrinária.
De um lado, o ecumenismo. A co-redenção e a mediação universal são inaceitáveis para a teologia protestante, e sua exclusão já ocorreu no Concílio Vaticano II. Segundo Pagliarani, a vontade de não ofender o mundo reformado acabou empobrecendo a fé católica: o que não é proclamado claramente acaba enfraquecendo e se perdendo.
A segunda razão é mais profunda: o próprio conceito de Redenção está sendo alterado. Fala-se cada vez menos em sacrifício expiatório, em satisfação oferecida à justiça divina ou em reparação. Cristo não seria mais o Redentor que satisfaz pelos pecados do mundo, mas sim a expressão de um amor incondicional que perdoa sem exigir conversão. Esta revisão doutrinária —adverte Pagliarani— torna impossível entender a união singular da Virgem com a obra redentora de seu Filho.
"Uma paranóia espiritual" em direção à piedade mariana
O documento repete constantemente que Maria não compete com Cristo nem subtrai nada de sua mediação única. Para Pagliarani, essa insistência revela uma desconfiança injustificada da piedade mariana. Ele até descreve isso como uma paranóia "espiritual", porque nenhum fiel educado corre o risco de colocar a Virgem acima de seu Filho. A devoção mariana, bem fundamentada, sempre conduz ao mistério de Cristo e nunca o suplanta.
Consequências pastorais devastadoras
Pagliarani alerta para o impacto pastoral que este texto terá. Em tempo de confusão doutrinária e de crise moral, a figura da Santíssima Virgem deveria ser apresentada como socorro e refúgio, especialmente para os fiéis mais necessitados. No entanto, o Dicastério opta por alertar contra os títulos que durante séculos alimentaram a vida interior de simples católicos.
Considerai que esta decisão empobrecerá a vida espiritual e privará muitas almas de um apoio que a Igreja jamais deveria ter permitido enfraquecer.
A contradição com a abertura inter-religiosa
O Superior Geral também lamenta a contradição subjacente: enquanto a doutrina mariana se restringe para evitar mal-entendidos, Roma celebra com entusiasmo o aniversário de Nostra Aetate, documento que abriu as portas para o diálogo inter-religioso contemporâneo. De acordo com Pagliarani, esse diálogo deu origem a "as mais lamentáveis reuniões inter-religiosas", em franca contradição com a missão da Igreja de anunciar que Cristo é o único Mediador e Salvador.
Lembre-se de outro título tradicional esquecido hoje: o de Maria como "que esmagou todas as heresias". Não se trata de uma metáfora, frisa, mas de uma profunda realidade teológica. Maria guarda a verdade porque ela é a Mãe Daquele que disse: "Eu sou a Verdade". Onde a devoção mariana enfraquece, a fé arrisca-se a diluir-se.
Uma oração por esses tempos
A entrevista termina com uma oração retirada da liturgia, que o Superior Geral considera especialmente necessária hoje:
«Dignare me laudare te, sacrata de Virgem. Da mihi virtutem contra hospeda tuos.»
—Permita-me louvá-la, Virgem sagrada. Dá-me força contra os teus inimigos. (Fonte: INFOVATICANA)






