Sinodalidade Sacerdotal: Vida Mundana

20/03/2024

A palavra "sinodalidade" vai sendo gradualmente imposta à vida da Igreja sem que ninguém saiba realmente o que ela significa. Se a aplicarmos à vida do sacerdote, encontramos um pressuposto de uma vida totalmente mundana com uma diferença sensível da vida de qualquer leigo: um leigo geralmente trabalha para viver, enquanto o sacerdote "sinodalizado" dificilmente terá trabalho a fazer. Vemos isso em um exemplo de ficção que é muito, muito próximo da vida comum:

Por Padre Ildefonso De Assis 

O padre "protagonista" desta ficção acaba de ser nomeado pároco. Quando tomou posse canônica de sua comunidade paroquial, encontrou uma realidade à qual se adaptou por ser muito "sinodal". Vamos detalhar a missão:

Há um conselho pastoral com poderes diretivos. Não é um conselho de leigos para ajudar e aconselhar o pároco: o conselho toma decisões vinculativas e reúne-se frequentemente para governar a paróquia. O pároco "pode" assistir a estas reuniões a partir de uma cadeira que é apenas decorativa e para ser informado do que foi discutido e decidido.

Existe um conselho econômico do qual o pároco é membro, pelo direito canônico. Mas o pároco não se atreve a tomar qualquer iniciativa por causa da pressão exercida pelos próprios membros sinodais daquele conselho.

Os sacramentos do batismo e do matrimônio (aqueles não celebrados com missa) são administrados por um diácono permanente, que é acompanhado por sua esposa.

Os funerais sem missa também são celebrados pelo diácono permanente ou outro que em breve será ordenado sacerdote.

As exposições eucarísticas são feitas por um acólito instituído.

O pároco apenas celebra a Santa Missa e na mesma celebração não dará a comunhão, uma vez que esta "pertence" a ministros extraordinários. As missas nos dias de semana são gradualmente eliminadas e apenas as missas dominicais permanecem (apenas pela manhã) e algumas durante os dias de semana. A chamada "equipe de liturgia" da paróquia, formada por leigos, decide tudo relacionado à ornamentação, subsídios, devoções, cânticos e até "aconselha" o pároco a usar apenas a Oração II (falsamente chamada de "São Hipólito", que na verdade foi inventada em um refeitório romano por vários teólogos progressistas na década de 1960).

Confissões?; O pároco não está no confessionário todos os dias. Se alguém quiser ouvir confissões, procurá-lo em seu escritório ou sacristia, ou no refeitório em frente à igreja. Os chamados "atos penitenciais" são realizados três vezes ao ano (Advento, Quaresma e Páscoa), de modo que somente nesses dias os fiéis são encorajados a se confessar. Outros padres virão para ajudar o pároco a não se cansar de ouvir confissões.

Unção dos enfermos?; Visitar os moribundos para dar a unção é coisa do passado. O pároco não se incomoda com isso. Uma vez por ano há uma celebração coletiva da unção no templo e você pode até ver jovens fazendo fila para receber o que costumava ser chamado de "unção extrema"

Você visita os doentes? Essa tarefa é feita por voluntários leigos. A comunhão para essas pessoas com deficiência é trazida por leigos. O pároco não visita os doentes para não ofuscar a sinodalidade leiga nesta tarefa. As comunhões são dadas e, como os leigos não podem confessar os enfermos, ficam sem o sacramento do perdão

Catequese?; a formação de pais e padrinhos para o batismo, noivos para o matrimônio, jovens e adultos para a confirmação... É tarefa de leigos bem formados. O pároco só aparecerá para concelebrar com o bispo no dia dos crismas. Em batizados e casamentos nem aparece em muitos casos.

Formação de catequistas?; O pároco sinodal os enviará para reuniões diocesanas para serem formados. Se entre os catequistas houver "não praticantes" ou casados e/ou casados civilmente, o pároco não entrará em "batalhas" para não desestabilizar a própria paróquia sinodal

Movimentos Seculares na Paróquia?; o pároco será um zero à esquerda para evitar ser rotulado como "clerical"; Alguns desses novos movimentos já vinculam seus próprios formadores e catequistas que deixarão de lado o pároco a quem só recorrerão para resolver deficiências materiais ou organizacionais.

Claro que, e para evitar o sinal "clerical" ou "eterno" do sacerdócio como "outro Cristo", o pároco terá direito a um mês de férias, como qualquer trabalhador, onde às vezes nem sabe onde está e terá cortado completamente a sua paróquia. E o chamado "dia de folga" começará ao meio-dia de domingo e se estenderá até a tarde de terça-feira: o pastor sinodal também está inacessível.

Pois é aqui que termina a tão propalada sinodalidade sacerdotal: a conversão do sacerdote em funcionário público com um nível de exigência muito inferior ao de qualquer trabalhador leigo normal da nossa sociedade. A pergunta que nos chega é: "Para que serve o sacerdote nessa nova concepção progressista?"

Se alguém achar este artigo duro, deve ler o magnífico tratado do Cardeal Sarah sobre o assunto, "A Serviço da Verdade", e verá que o que é exposto nestas linhas é um triste e verdadeiro reflexo da realidade. (Fonte: Adelante La Fe)

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