Por que os pecados mortais devem ser confessados antes de receber a Sagrada Comunhão

10/12/2025

Há um problema que é bastante grave entre os católicos que assistem à Missa: a recepção coletiva e indiscriminada da Santa Ceia, mesmo por aqueles que não estão preparados ou com as devidas disposições. 

Há um problema que é bastante grave entre os católicos que assistem à Missa: a recepção coletiva e indiscriminada da Santa Ceia, mesmo por aqueles que não estão preparados ou com as devidas disposições. Este é um grande problema que os dois pontífices anteriores reconheceram sem rodeios:

Por Peter Kwasniewski 

Às vezes, mesmo em casos muito numerosos, todos os participantes da assembléia eucarística aproximam-se da comunhão, mas então, como confirmam os pastores especialistas, não tem havido a devida preocupação de aproximar-se do sacramento da Penitência para purificar a própria consciência (João Paulo II, Dominicae Cenae, 11)

Pode-se dizer que essa passagem leva o bolo no quesito aquém, mas seu significado é bem claro. Purificar frequentemente a consciência por meio da Confissão sacramental –e, claro, toda vez que um pecado mortal foi cometido– é a única maneira de manifestar sem falta a devida reverência a Nosso Senhor Jesus Cristo, o Santo de Israel, verdadeiramente presente no Santíssimo Sacramento como alimento de nossa peregrinação ao Céu.

Como ensina a Igreja, a Eucaristia não é remédio para as almas mortas, mas para aquelas que, estando vivas, precisam fortalecer-se com vistas a uma vida de caridade. Mesmo que passe o dia tentando alimentar um cadáver, de nada adiantará. E na vida espiritual é pior: quando alguém que está morto espiritualmente consome o Pão da vida, torna-se mais culpado. Servir tal alimento a pecadores públicos impenitentes (por exemplo, padres ou bispos que dão comunhão a políticos em favor do aborto) acumula brasas acesas na cabeça do comungante e do padre. Não há mais voltas para dá-la; tal é o ensinamento unânime de todos os Padres, Doutores e sacerdotes que têm a Fé Católica.

Sua Santidade Bento XVI assinalou em entrevista o desprazer causado por ver as multidões que vinham comungar em eventos solenes realizados no Vaticano, quando era óbvio que muitos eram turistas ou visitantes, ou pessoas que por outras razões não cumpriam as devidas disposições (por exemplo, por não jejuar). Consequentemente, ordenou que se reintegrassem os ajoelhadores e que os fiéis recebessem a Comunhão de joelhos e em suas línguas, para que tivessem em mente que é um rito sagrado em que não se recebe senão o Santíssimo Sacramento:

Em eventos massivos, como os que temos na basílica e na Praça de São Pedro, o perigo da banalização é grande. (...) Neste contexto, em que se pensa que receber a comunhão é simplesmente parte do ato –- todos estão indo em frente, portanto, eu também estou indo–, eu queria estabelecer um sinal claro (...) Não é meramente qualquer rito social do qual todos possamos participar ou não (Luz do mundo(S)

A razão desta preocupação é bastante simples, e o Concílio de Trento expressou-o com insuperável concisão e clareza:

Se não é decente que alguém se aproxime de qualquer função sagrada, mas santa; com efeito, quanto mais se apura para o homem cristão a santidade e a divindade deste Sacramento celestial, tanto mais diligentemente deve evitar aproximar-se para recebê-la sem grande reverência e santidade, notadamente lendo aquelas tremendas palavras no Apóstolo: Aquele que come e bebe indignamente, come e bebe do seu próprio juízo, não discernindo o Corpo do Senhor (1 Cor. 11,28). Portanto, quem quiser comungar deve ser lembrado de seu preceito: Mas que o homem prove a si mesmo (1 Cor. 11, 28) (Sessão XIII, capítulo 7).

Em vista de todo o exposto, é importante que os católicos saibam o que significa «deve evitar aproximar-se de recebê-lo sem grande reverência e santidade». Quais as condições para receber frutuosamente e com frequência o Santíssimo Sacramento؟?

A resposta foi dada pelo decreto Sínodo Sacra Tridentina em 1905, com a autoridade da Sagrada Congregação do Concílio, refletindo os sentimentos e a vontade de São Pio e incentivados a receber o Senhor com frequência. As condições são as seguintes:

Primeiro: quem deseja participar do banquete sagrado deve estar em estado de graça, ou seja, não ter nenhum pecado mortal não confessado.

Em segundo lugar, você deve ter «intenção direta e piedosa». O decreto define da seguinte forma: «que aquele que comunga não o faz por rotina, vaidade ou respeito humano, mas para agradar a Deus, unir-se cada vez mais a Ele pelo amor e aplicar esse remédio divino em suas fraquezas e defeitos». Ou seja, o comungante tem que ter consciência do que faz e de quem se aproxima (ou seja, não fazer por rotina) e fazer para agradar ao Senhor e santificar sua alma através de uma união mais estreita com Ele, não pelo que vão dizer (ou seja, por vanglória ou respeito humano).

Terceiro, embora seja apropriado que ele esteja livre dos pecados veniais e da afeição por eles, basta que ele seja limpo do pecado mortal e tenha a intenção de nunca mais pecar mortalmente. Este último é muito importante hoje, em vista do desastre causado pela Amoris Laetitia. Enquanto o católico pretender continuar vivendo em pecado, isto é, cooperando em uma situação objetiva de pecado, como num casamento civil com um novo cônjuge enquanto o anterior ainda estiver vivo, não pode de forma alguma receber a Santa Ceia, uma vez que não pretende não pecar novamente.

E quarto, embora não seja essencial que o comungante tenha dedicado tempo a uma cuidadosa preparação e subsequente ação de graças, tanto a preparação como a ação de graças são essenciais para alcançar a plenitude dos efeitos da Santa Comunhão. O decreto diz: «Quanto mais abundante [é o efeito dos Sacramentos] melhores são as disposições de quem os recebe». À parte as intenções ocultas de Deus, que deseja elevar mais algumas almas do que outras, a diferença entre os que freqüentam a Comunhão se transformam em santos e os que permanecem praticamente inalterados pelo trato diário com o Senhor depende, no que nos diz respeito, de que tenhamos uma fé viva e de que excitemos nossa devoção aproximando-nos do altar e recebendo-o.

Em resumo, as quatro condições para a Santa Ceia frequente e frutuosamente são: (1) estar na graça de Deus, (2) ter intenção reta e piedosa, (3) estar livre da afeição pelo pecado, isto é, não querer voltar ao pecado, e (4) preparar-se adequadamente e agradecer mais tarde.

Qual será o fruto da devida observância destes sábios conselhos da Santa Madre Igreja? O mesmo decreto o expressa maravilhosamente: «Através da Comunhão frequente ou diária a união com Cristo é fortalecida, resulta uma vida espiritual mais exuberante, a alma é enriquecida com mais derramamento de virtudes e lhe é dada uma veste muito mais segura de felicidade».

Um privilégio, e ao mesmo tempo um grande desafio que nos desafia a viver para que cresçamos em graça, pureza, fé e devoção! (Fonte: Adelante La Fe) Tradução: Vida e Fé Católica)