Padre Santiago Martín: Por que dizem que Maria não é corredentora?

08/11/2025

O padre espanhol Santiago Martins, fundador dos franciscanos de Maria, tem reagido firmemente à recente nota Mater Populi Fidelis, 

publicado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, em que se desencoraja o uso do título de Corredentora para a Virgem Maria e recomenda-se limitar o de Mediador de todas as graças. Em comentário intitulado Por que dizem que Maria não é corredentora? o sacerdote alerta para o forte desconforto que a decisão gerou entre os fiéis mais devotos da Santíssima Virgem.

Por INFOVATICANA

Martín compara o impacto desta nota com o causado pelo polêmico documento Fiducia Supplicans, assinalando que, nesta ocasião, o golpe tem recaído diretamente sobre o amor mariano do povo católico. Lembre-se que foi Bento XVI que, sem negar os títulos, considerou que não era o momento de defini-los dogmaticamente, ao contrário da atual decisão de publicação de nota restritiva.

O padre levanta uma série de questões que merecem reflexão dentro da Igreja. Antes de tudo, ele se pergunta quem beneficia ou prejudica a nota, advertindo que sua publicação "não era urgente" e que tem causado confusão entre os fiéis mais apegados à tradição. "Foi levado em conta que a ira seria dirigida contra o Papa ou contra o Cardeal Fernández?", questiona, apontando que o documento causou uma fratura desnecessária entre os católicos mais marianos.

O argumento ecumênico sob a lupa

Outro ponto que ele analisa é o argumento ecumênico. O documento sustenta que títulos marianos poderiam atrapalhar o diálogo com outras confissões cristãs, mas Martín responde que são justamente os anglicanos e outras comunidades que se distanciaram da comunhão com Roma. Lembre-se também que decisões recentes do Vaticano —, como Fiducia Supplicans — foram os que romperam o diálogo com os ortodoxos. "É o ecumenismo um motivo ou uma desculpa?", pergunta o padre.

"Os dogmas nascem da luta teológica, não do silêncio"

O fundador dos franciscanos de Maria rejeita a ideia de que os títulos de Corredentora e Mediador eles criam confusão. Ele enfatiza que todos os dogmas de fé foram proclamados após longos debates e controvérsias teológicas. "Será que agora pretende transformá-la em um novo dogma de fé de que Maria não é corredentora?", sugere ele. Lembre-se que os dogmas do Imaculada Conceição e da Assunção, também foram precedidos por intensas discussões, e que sua proclamação não fechou a devoção, mas sim a fortaleceu.

Martin cita o Epístola aos Colossenses (1:24), onde São Paulo afirma "para completar em minha carne o que falta às tribulações de Cristo", para apontar que a cooperação humana na redenção não contradiz a fé cristã, mas sim a ilumina. Em sua opinião, o sofrimento oferecido tem valor diante de Deus, e o exemplo de Maria, unida ao sacrifício de seu Filho, revela o sentido mais profundo da co-redenção.

Valor pastoral e espiritual do título de "Corredentora"

O padre lembra que os dogmas marianos não apenas proclamam verdades de fé, mas também ensinam lições espirituais. Dizer que Maria é corredentora —entendida como colaboradora na redenção — também tem a valor pastoral porque ensina que o sofrimento humano, quando unido ao de Cristo, pode redimir e dar sentido à cruz de cada dia.

Por isso, evoca as palavras e os ensinamentos de São João Paulo II, que chamou Maria "corredentora" em várias ocasiões, para destacar o valor espiritual da dor oferecida. "Os pobres, os doentes, os velhos, os perseguidos: todos podem colaborar com Cristo oferecendo sua cruz", explica, lamentando que o Vaticano tenha perdido a oportunidade de lembrar esse ensinamento fundamental.

Por fim, o padre Santiago Martín considera que a fé do povo de Deus não vai mudar por causa do que diz uma nota doutrinária. "Os fiéis continuarão a ir à Virgem para pedir sua intercessão, porque a graça vem de Deus, mas Maria intercede como mãe e mediadora", afirma ele. E conclui pedindo oração "pela paz na Igreja e unidade na fé", invocando a Virgem "como colaboradora na redenção, corredentora no sentido mais profundo do amor unido à cruz". (Fonte: INFOVATICANA)