Os doze graus do orgulho

20/08/2025

Não é incomum ouvir o absurdo de que a fé impede o pleno desenvolvimento da capacidade de raciocínio. 

Não é incomum ouvir o absurdo de que a fé impede o pleno desenvolvimento da capacidade de raciocínio. Páginas e páginas já foram escritas sobre o assunto, demonstrando que a realidade é exatamente o oposto: a fé ilumina o intelecto e nos abre perspectivas de conhecimento que não alcançaríamos sem ela. Não vou me alongar sobre isso. Simplesmente compartilharei com vocês o que descobri no livro de Ernest Hello, Fisionomias dos Santos, no capítulo que o autor dedica a São Bernardo.

Por Jorge Soley

O que descobri ali é um exemplo concreto da profunda intuição psicológica do santo. Uma intuição sutil dedicada aos seus monges, mas aplicável a todos os estados e situações, e que certamente parece ter sido escrita para os nossos tempos.

Hello se refere a um texto de São Bernardo, o Tratado sobre os Vários Graus de Humildade e Orgulho, e explica os doze graus de orgulho:

1- Curiosidade (curiositas, não studiositas).

2- Leveza de espírito, como quando "a excelência da qual se vangloria entrega o orgulhoso a uma alegria infantil".

3- Alegria inepta, que quer ser admirada.

4- Vangloria: "Se não falasse, explodiria... Antecipa perguntas, respostas sem que lhe perguntem, pergunta e responde ele mesmo". Como é fácil reconhecer alguém assim!

5- Singularidade: "Durante as refeições, olha ao redor das mesas e, se vê outro monge comendo menos do que ele, lamenta ter sido superado. Então, continua economizando no que antes considerava indispensável, pois teme a perda de sua glória mais do que as dores da fome. Fica acordado na hora de dormir e dorme no coro." O importante é ser diferente, único (na Catalunha, sem ir mais longe, sofremos de uma praga desse tipo de gente orgulhosa).

6- Arrogância: "Não é que, no que diz e faz, ele pense ostentar sua religiosidade, mas que sinceramente se considera o mais santo dos homens." Olá, maravilha-se aqui com a notável observação de São Bernardo: é uma arrogância sincera; o orgulhoso está convencido de que o que atribui a si mesmo é verdade.

7- Presunção: "Se um monge que atinge o sétimo grau de orgulho não é eleito prior quando surge a ocasião, diz que seu abade tem inveja dele ou que se enganou." Eles podem mudar de prior para diretor, secretário-geral, ministro, arcipreste ou qualquer cargo que desejarem.

8- É aqui que o homem defende suas falácias. Um grau muito perigoso, do qual é muito difícil retornar. São Bernardo escreve: "Até aqui, os orgulhosos não fizeram nada além de praticar o orgulho, mas quando chegam lá, o transformam em teoria. O mal parece bom." Uma coisa é pecar; outra coisa, mil vezes pior, é desenvolver uma teoria para demonstrar que essa ação não é propriamente um pecado, mas algo bom e meritório. As semelhanças com o segundo binário inaciano são evidentes. Hello comenta: "Quando as coisas mudam de nome, quando o mal parece bom ao homem e o bem parece mau, então ele afunda num pecado mais tenaz, frio, pesado, mais difícil de curar." Fazer passar o bem por mal e vice-versa: o que vemos todos os dias.

9- A confissão simulada: aqueles que apresentavam seus defeitos como algo bom agora chegam a exagerá-los. "Longe de se desculparem, exageram seus defeitos." A gota d'água, mas algo bastante lógico se você pensar bem.

10- Rebelião: "Aquele que antes se acusava sem verdade e humildade, agora tira a máscara e desobedece abertamente."

11- A "liberdade" do pecado: "todos os grilhões foram quebrados", e a pessoa se considera livre para fazer o que bem entender.

12- O hábito de fazer o mal: "o hábito se instala, e então tudo acaba." (Fonte: INFOCATOLICA)