O mal menor conservador: a tentação de entregar a igreja a Parolin

01/05/2025

Mas o mal menor, neste caso, pode ser um mal catastrófico. 

Por Jaime Gurpegui 

Há momentos na história da Igreja em que a tibieza não é uma opção, e este é um deles. Enquanto os inimigos da fé avançam com estratégias bem calculadas, uma tentação está se formando dentro da Igreja que pode levar à sua demolição interna: a de abraçar o mal menor, uma estratégia de mera sobrevivência que, em vez de defender o depósito da fé, o entrega aos pés do mundo.

A tentação do mal menor encontrou seu caminho em certos setores do conservadorismo eclesial. Um conservadorismo burguês acomodatício, sem esperança escatológica ou força martirizada. Um conservadorismo que abaixa as bandeiras está apenas começando a batalha. Que prefere garantir uma cota de poder, um lugar à mesa, em vez de enfrentar o combate doutrinário e espiritual que esta hora crítica exige.

E nesse contexto aparece um nome: Pietro Parolin. O cardeal secretário de Estado, conhecido por sua desastrosa gestão diplomática, começa a ser apresentado como um "mal menor" diante dos perfis ultraliberais e progressistas que são lançados, quase teatralmente, como uma ameaça de orientar os conservadores para uma opção "menos ruim". Uma peça sibilina, perfeitamente projetada.

Mas o mal menor, neste caso, pode ser um mal catastrófico.

Parolin não é um moderado, ele é um capitulador. Ele entregou o poder político da Igreja na China ao Partido Comunista. Ele concordou, sem transparência ou dignidade, em ceder a nomeação de bispos a uma ditadura ateísta e repressiva. Ele deu uma basílica pontifícia na Espanha, símbolo dos mártires da fé, sem sensibilidade, sem resistência, sem memória. Ele é um péssimo negociador, um homem sem estratégia ou princípios visíveis, cujo roteiro sempre foi a rendição.

É este o "mal menor" que alguns querem? Um pontificado que já nasce entregue aos poderes deste mundo? Um papa que se ajoelha diante dos inimigos da Igreja em nome de uma paz confortável, mas infiel ao Evangelho.

A história já mostrou que os covardes não salvam a Igreja. Se os cardeais conservadores cederem à tentação do mal menor por medo do progressismo desenfreado, eles entregarão as chaves de São Pedro àqueles que se mostraram incapazes de defender o legado de mártires, confessores e santos.

Francisco, com todas as suas ambiguidades doutrinárias e autoritarismo no governo, não era um covarde. Mas um pontífice que renuncia até mesmo à defesa simbólica, espiritual e política da Igreja poderia ser muito pior. Não se trata apenas de ideias, trata-se de coragem. Não se trata apenas de diplomacia, mas de fé.

Hoje, mais do que nunca, a Igreja precisa de pastores com costas fortes e joelhos firmes diante de Deus, não diante do mundo. Esse conservadorismo não se torna colaboracionismo. Que não vendam a alma da Igreja em troca de uma estabilidade que será apenas o prelúdio de sua dissolução progressiva.

Porque o mal menor, neste caso, não é menor. É um erro trágico, talvez irreversível. (Fonte: INFOVATICANA)