O celular pode esperar

16/11/2024

É uma verdadeira tragédia que os dons da primeira comunhão sejam a porta através da qual a pornografia se torna presente na vida das crianças. Cada vez mais profissionais estão aconselhando adiar a compra de um telefone celular para nossos filhos até os 16 anos.

Por Monsenhor José Ignacio Munilla -  Bispo de Orihuela-Alicante

Talvez pareça mais apropriado que um bispo da Igreja Católica se limite a afirmar que o problema não está na tecnologia, mas no uso que se faz dela. No entanto, estou relutante em permanecer nessa posição neutra porque hoje temos dados suficientes para afirmar que boa parte dos aplicativos de computador foram projetados intencionalmente com o objetivo de prender seus usuários. E, por isso, acho que, em consciência, temos o dever de nos unir às iniciativas sociais (#AdolescenciaLibreDeMoviles) que se posicionaram abertamente contra a prática generalizada de dar celular a crianças e adolescentes de forma indiscriminada.

Se formos minimamente honestos, teremos que começar reconhecendo que, além dos benefícios indiscutíveis, as novas tecnologias de comunicação geraram muitos efeitos nocivos para nós que somos adultos. O desafio é geral e não simplesmente geracional. Ouvi um homem de Deus que já faleceu dizer: "As novas tecnologias são um bom servo, mas um senhor muito ruim".

Ora, se os adultos têm problemas na gestão equilibrada das redes sociais e outras aplicações informáticas, o que não acontece com as crianças e adolescentes que se encontram numa fase tão particularmente vulnerável? Os dados 'cantam': Desde 2019, o fenômeno da automutilação aumentou 592% (dados da Fundação ANAR). 20% dos adolescentes já se automutilaram alguma vez e 11,5% o fizeram com frequência (ANAR). Nos últimos 10 anos, houve um aumento de 3543% nos pensamentos e tentativas de suicídio (ANAR). A violência entre pais e filhos aumentou 400% (fontes policiais). Poderíamos continuar a inundar este artigo com dados alarmantes ...

No entanto, apesar de vivermos em meio a alertas contínuos diante da emergência de saúde mental que está sendo gerada, ninguém parece responder à pergunta-chave: quem é o responsável por essa emergência e quem deve tomar as medidas cabíveis? Quem chacoalha o gato?... A inação das autoridades me parece trágica. Basta lembrar o vergonhoso fiasco a que se reduziu a promessa do Governo da Espanha, que havia anunciado para o início do ano letivo medidas que impediriam o acesso de menores a conteúdos pornográficos, violentos e negativos. Tudo deu em nada, deixando clara a falta de vontade de intervir.

Neste ponto, deve ficar claro para nós que o que a própria família não faz, a autoridade pública não fará; e embora eu ache que estamos atrasados, é vital que, de forma subsidiária, a Igreja se ofereça às famílias para ajudar na educação digital. Em nossa Diocese de Orihuela-Alicante, estamos nos preparando para implementar um projeto de responsabilidade digital em nossas escolas diocesanas, com o objetivo de que as famílias possam se apoiar, tomando decisões convergentes, para concluir incorporando-as em um pacto familiar. Temos muito em jogo no desafio de como integrar o uso da tecnologia na vida familiar.

Sabemos que não é fácil curar os maus hábitos adquiridos no uso das tecnologias, e é por isso que devemos começar por erradicar a entrega de telemóveis desde cedo. Para dar um exemplo, é um verdadeiro drama que os dons da primeira comunhão sejam a porta pela qual a pornografia está presente na vida das crianças. Cada vez mais profissionais estão aconselhando adiar a compra de um telefone celular para nossos filhos até os 16 anos.

Aproximam-se datas em que a propaganda consumista nos leva a fazer muitas compras sem discernimento suficiente: 29 de novembro será a Black Friday; em 2 de dezembro, Cyber Monday; e embora - ingênuos da nossa parte - possa parecer que o Natal e as festividades dos Três Reis Magos acabaram com isso, as vendas de janeiro serão responsáveis por nos tirar desse engano, já que o incitamento ao consumismo não tem fim.

Seria lamentável se nos deixássemos arrastar para este turbilhão optando por um presente envenenado... O telemóvel pode esperar! (Fonte: INFOCATOLICA)

A Liturgia representa a vida íntima da Igreja, sua essência: o culto de Deus Uno e Trino, no qual se cumpre o Primeiro Mandamento; a reprodução do mistério pascal de Jesus Cristo; a comunicação da Graça do Espírito Santo, na celebração dos Sacramentos. A realização da Liturgia ocorre de acordo com vários ritos, do Oriente e do Ocidente.

Em 1830, no número 140 da Rue du Bac, no coração de Paris, na casa-mãe da Companhia das Filhas da Caridade, fundada por São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac, vivia uma noviça chamada Irmã Catarina Labouré, a quem a Santíssima Virgem confiou uma mensagem salvífica para todos aqueles que com confiança e fervor a aceitaram e praticaram. ...