Não esperamos mais nada
Hoje começa a ser lido no Ofício de Leitura carta de São Policarpo de Esmirna aos Filipenses e que começo!

É magnífico, contundente e apoteótico; tanto que parece mais um fim do que um começo: "Policarpo e os sacerdotes que estão com ele para a Igreja de Deus que vive como um estranho em Philippi".
Por Bruno M
Ele não estava se dirigindo à Igreja que estava em Filipos ou àqueles que viviam lá. Não, ele estava falando com ela Igreja que viveu como estranha e, por isso, ainda poderia viver em Filipos como na Tchecoslováquia ou na Argentina (se aqueles lugares já tivessem sido inventados no início do segundo século), porque sua terra natal estava no céu. O discípulo direto de São João nos lembra algo que esquecemos: somos estranhos neste mundo.
Ele não é o único que nos lembra, é claro. O Espírito Santo sabe muito bem que essa verdade é difícil para nós e a repete sempre, como um bom Professor. Ele nos diz isso pela boca de Abraão (Sou estrangeiro e peregrino), o salmista (Sou peregrino na terra), o Primeiro Livro das Crônicas (somos estrangeiros e peregrinos diante de vós, como todos os nossos pais foram), todo o povo de Israel (meu pai era um aramaico errante), o apóstolo Pedro (Rogo-vos, como estrangeiros e peregrinos), São Paulo (nossa pátria está no céu) ou a carta aos Hebreus (confessando que eram estrangeiros e peregrinos na terra), entre muitos outros.
Como é possível que tenhamos esquecido uma verdade tão repetida nas Escrituras? E ainda assim, é assim. Estamos confortáveis aqui e esquecemos completamente que somos estranhos nesta terra. Temos construído escolas, dioceses e arquidioceses, universidades, centros, paróquias, irmandades, movimentos, jornais, canais de televisão, portais da Internet, ordens, congregações, curias e inúmeras outras coisas que são boas, mas que, ao invés de nos lembrarem que somos estranhos, nos ajudam a esquecer isso.
Nos acomodamos no mundo e por isso não temos mais fé nem esperança nem caridade.O. Nossa esperança está depositada nas forças humanas, nossa fé são opiniões e, inevitavelmente, nossa caridade se reduz às boas intenções, às declarações à galeria e às causas progressistas. Quem se surpreenderá de nos esforçarmos por mudar a teologia pela ecologia ou sociologia, a lei de Deus pela vontade popular manifestada democraticamente e a velha fé por novas modas?
Quem é capaz de dizer hoje "morro porque não morro" ou morrer é de longe o melhor¡NÉ? Os dois que disseram sabiam muito bem o que estavam dizendo, mas não só não podemos dizer com sinceridade, como ficamos até chocados ao ouvir. Estamos no mundo e pertencemos ao mundo e gostamos de ser.
Muito menos somos capazes de suportar o advertência do apóstolo¡::
Digo isto, irmãos, que o momento urge. Resta a solução para aqueles que têm esposa viverem como se não a tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que são felizes, como se não fossem felizes; os que compram, como se não possuíssem; os que negociam no mundo, como se dele não desfrutassem: porque acaba a representação deste mundo.
A representação desse mundo está acabando? Quem lembrar que estou falando sério hoje será tachado como alarmista, milenarista, fanático, rigorista, apocalíptico ou o que for. Somos a imagem viva das virgens néscias, que se cansaram de esperar e adormeceram profundamente. Não esperamos mais nada e nos orgulhamos disso.
No pecado, ai de nós, carregamos penitência. Nós fedemos a desesperança. As paróquias, seminários e noviciados estão vazios porque as pessoas percebem nossa falta de fé por quilômetros e fogem a toda velocidade. Estamos tão confortáveis na terra que esquecemos o céu e o inferno. Somos os mais infelizes de todos os homens. (Fonte: INFOCATOLICA)