
"Ai de mim se não anunciasse a Boa Nova!"
Na oportunidade, nos alegramos em apresentar uma famosa carta que São Francisco Xavier enviou ao seu Pai espiritual, Santo Inácio de Loyola.

Esta carta, escrita a partir das terras da Missão, é tão estimada pela Santa Madre Igreja que foi incorporada ao mesmo Ofício de Leitura correspondente a 3 de dezembro, dia em que se comemora a sua Festa Gigante das Missões.
Por Padre Frederico
Nesta carta, com visão sobrenatural, o Santo mostra claramente o quanto a atividade missionária é urgente ad gentes. Depois de ler e reler tal epístola a muitos, com a graça de Deus, pode vir a eles um grande desejo de alistar-se nas fileiras da Missão, para que mais almas sejam salvas e Deus seja assim mais glorificado.
Visitamos as aldeias dos neófitos, que alguns anos antes haviam recebido a iniciação cristã. Esta terra não é habitada pelos portugueses, uma vez que é extremamente estéril e pobre, e cristãos nativos, privados de sacerdotes, a única coisa que sabem é que são cristãos. Não há ninguém para celebrar missa para eles, ninguém para ensinar-lhes o Credo, o Pai Nosso, a Ave Maria ou os mandamentos da lei de Deus.
Por esta razão, desde que aqui cheguei, não me dei um momento de descanso: dediquei-me a percorrer as aldeias, a batizar as crianças que ainda não tinham recebido este sacramento. Purifiquei, dessa forma, um número enorme de crianças que, como se diz, não souberam distinguir a mão direita da esquerda. As crianças não me deixaram recitar o Ofício Divino nem comer nem descansar, até que lhes ensinei alguma oração; então comecei a perceber que delas é o reino dos céus.
Portanto, uma vez que não podia recusar cristãmente tais desejos piedosos, começando com a profissão de fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo, ensinei-lhes o Símbolo dos apóstolos e as orações do Pai Nosso e da Ave Maria. Percebi neles grande disposição, de tal modo que, se houvesse quem os instruísse na doutrina cristã, sem dúvida se tornariam excelentes cristãos.
Muitos, nesses lugares, não são cristãos, simplesmente porque não há quem os torne tais. Muitas vezes quero visitar as universidades da Europa, principalmente Paris, e começar a gritar por toda parte, como quem perdeu a cabeça, para encorajar aqueles que têm mais ciência do que caridade, com estas palavras: «Oh! Quantas almas, devido à sua apatia, são excluídas do céu e se precipitam no inferno!»
Queria que eles colocassem nesse assunto o mesmo interesse que eles colocam nos estudos! Com isso poderiam prestar contas a Deus de sua ciência e dos talentos que lhes foram confiados. Muitos deles, movidos por essas considerações e pela meditação das coisas divinas, se exercitariam na escuta da voz divina que neles fala e, deixando de lado suas ambições e negócios humanos, se dedicariam inteiramente à vontade e à discrição de Deus, dizendo de coração: «Senhor, eis-me aqui; que queres que EU faça? Envie-me para onde quiser, mesmo que seja até a Índia.» (Fonte: INFOCATOLICA)





